quinta-feira, 9 de julho de 2009

Hatsu-Ikê reforça a missão da flor de alegrar a vida

A Academia Sanguetsu de Ikebana, da Fundação Mokiti Okada,
realizou, no dia 31 de janeiro,
a cerimônia “Hatsu-Ikê” – Primeira Flor do Ano,
na Sede Central, São Paulo.
A cerimônia tem por objetivo agradecer a Deus
e à natureza a missão concedida a cada um
na formação de um mundo melhor através
da flor e das plantas.






Cerca de 300 pessoas vindas de Porto Alegre, RS, Curitiba e Londrina, PR,

Rio de Janeiro, RJ, São Luiz, MA, Belém, PA, Recife, PE, Salvador, BA,

e São Paulo acompanharam o evento.

Durante o Hatsu-Ikê, foi apresentada a conclusão de

uma pesquisa realizada

em Recife, PE, com a prática da ikebana

no tratamento de pessoas com bruxismo.


Celebração pelo Brasil

O Hatsu-Ikê também foi realizado em

outras unidades da Academia Sanguetsu

espalhadas pelo Brasil. Em Campo Grande, MS,

o evento reuniu 300 pessoas.

Na regional da IMMB, no Rio de Janeiro, RJ, cerca de 250 pessoas

participaram do acontecimento.

O vice-presidente da FMO,

ministro Agner Bastoni, esteve presente e falou aos professores

e voluntários do Sanguetsu baseado na

orientação dada pelo presidente da FMO.


quarta-feira, 8 de outubro de 2008

Alguns ensinamentos sobre as Flores



Aprendendo a ver

Buda reuniu seus discípulos, e mostrou uma flor de lótus.

- Quero que me digam algo sobre isto que tenho nas mãos.

O primeiro fez um verdadeiro tratado sobre a importância das flores.

O segundo compôs uma linda poesia sobre suas pétalas. O terceiro inventou uma parábola usando a flor como exemplo.

Chegou a vez de Mahakashyap.
Este aproximou-se de Buda, cheirou a flor, e acariciou seu rosto com uma das pétalas.

- É uma flor de lótus - disse Mahakashyap. - Simples, como tudo que vem de Deus. E bela, como tudo que vem de Deus.

- Você foi o único que viu o que eu tinha nas mãos - foi o comentário de Buda.



Em busca de um sábio

Durante dias o casal caminhou quase sem conversar.
Finalmente chegaram no meio da floresta, e encontraram o sábio.

- Minha companheira quase não falou comigo durante a viagem - disse o rapaz.

- Um amor que não tem silêncio é um amor sem profundidade - respondeu o sábio.

- Mas ela nem mesmo disse que me amava!

- Há pessoas que vivem dizendo isto. E terminamos por desconfiar da verdade de suas palavras.

Os três sentaram-se em uma pedra. O sábio apontou para o campo de flores ao redor.

- A natureza não fica repetindo o tempo todo que Deus nos ama. Mas através de suas flores, compreendemos isto.



Na loja de flores

A mulher caminhava por um centro comercial quando reparou no cartaz: uma nova loja de flores. Ao entrar, levou um susto; não viu nenhum vaso, nenhum arranjo, mas era Deus, em pessoa, que estava atenden­do no balcão.

- Pode pedir o que quiser - disse Deus.

- Quero ser feliz. Quero paz, dinheiro, capacidade de ser compreendida. Quero ir para o céu quando morrer. E quero que tudo isto seja também concedido aos meus amigos.

Deus abriu alguns potes que estavam na prateleira atrás dele, tirou vários grãos de dentro, e estendeu para a mulher.

- Aí estão as sementes - disse. – Comece a plantá-las, porque aqui nós não vendemos os frutos.

fonte "Guerreiro da Luz Online", de Paulo Coelho.

sábado, 6 de setembro de 2008

Estilos de Ikebana

O termo ikebana começou a ser utilizado no século XVII. Muito antes, porém, quando começaram a surgir, os arranjos de flores eram denominados tatehana.

A partir do século XVI, o ikebana tomou forma definida e passou a se chamar
Rikka. Àquela época, pois, rikka era um sinônimo de ikebana, bem diferente de hoje, quando é um dos estilos do ikebana.

Ainda no século XVI, com a difusão do
Chadô (Cerimônia do Chá), foi criado um estilo de arranjo próprio para os ambientes em que a cerimônia era realizada. Este estilo passou a ser conhecido simplesmente por hana, que significa flor.

A partir do século XVIII foram dados nomes específicos para cada estilo de arranjo: moribana, nageire, shoka, jiyuka (estilo livre), guendai-bana (arranjo moderno), zen-eibana (arranjo de vanguarda), entre outros. Quanto aos termos para designar arranjo floral, as denominações mais comuns são ikebana, kadô e sôka.

Conforme já mencionado, a estrutura definida do ikebana remonta ao século XVI. Mas, antes de começarem a surgir registros escritos a respeito, já apareciam, em diversas artes, indícios de manifestações de apreço pelas flores. Isto, naturalmente, serviu de base para o surgimento do ikebana.

O estilo de vida do povo japonês sempre esteve intimamente ligado à natureza e isso, com certeza, em muito contribuiu para um rápido e firme desenvolvimento do ikebana. As primeiras manifestações de arranjo de flores eram bem livres e naturais, sem qualquer regra definida. Dizia-se simplesmente "colocar uma flor" (
hana o sasu).

Os japoneses, na antigüidade, acreditavam que para se invocar os deuses era necessário determinar um local para recebê-los e este era indicado por uma flor ou árvore disposta, preferencialmente, de forma perpendicular à sua base. Segundo a crença, os deuses se guiavam por esses símbolos e ali se instalavam. É por isso que, até hoje, nas festas religiosas são colocados adornos encimados por folhas de árvores sagradas (
nobori). Não se tem registro de quando ou quem teria dado início a tais costumes, mas essas manifestações surgiram, de modo espontâneo, dos ditames de vida do povo japonês.

O ikebana também contém, em sua essência, esse aspecto de crença popular. Por exemplo, o
rikka do período Muromachi (1350-1573) originou-se do hábito de colocar as flores perpendicularmente à sua base. E muitos são os estudiosos que acreditam que a própria origem do ikebana está ligada ao kuge, o ato de colocar flores no altar de Buda. Mas, por outro lado, não podemos esquecer que antes do Budismo ser introduzido no Japão, já havia o costume de se oferecer flores aos deuses.

No século XIV é que começa a aparecer a expressão "fixar a flor". Isto pode ser entendido como o início do estabelecimento de limites na concepção livre de se colocar uma flor. A partir daí, temos o desenvolvimento das técnicas para os arranjos florais.

No século XIV, o
kuge passou a ser chamado tatehana. A justificativa para a mudança é que o arranjo, que tinha cunho apenas religioso, passa também a ter cunho estético, sendo apreciado por muitas pessoas. O evento que marcou essa passagem foi a presença de arranjos de ikebana na festa das estrelas (tanabata). Os arranjos que tinham por objetivo a oferenda para as estrelas foram expostos à apreciação das classes dominantes (nobreza e clero).

Texto extraído do livro:
Ikebana- Arte e Criação no Estilo IKENOBO
Aliança Cultural Brasil-Japão


I - Noções de Ikebana

Ikebana é a arte japonesa do arranjo floral, tendo como base certos princípios de arte reconhecido mundialmente.

A princípio foi uma arte apreciada pelos aristocratas no período Heian (794-1192) e espalhou-se para as outras classe sociais nos séculos XIV e XVI.

O ikebana apresenta o amor pela linha, e também apreciação pela forma e cor, o que destaca a diferença do arranjo floral japonês com relação aos outros arranjos.

O ikebana tradicional em sua forma mais simples, representa o céu, a terra e o homem.

O ikebana simbolizava certos conceitos filosóficos budistas, mas com o passar do tempo, esta arte foi se adaptando ao gênio peculiar do povo japonês, aos poucos, muito da conotação religiosa foi desaparecendo, dando ênfase ao ensino do naturalismo.

O arranjo é linear na composição, com galhos comuns, no entanto dá-se ênfase a perfeição linear e ao ensino do naturalismo, tentando passar o ensinamento da compreensão do crescimento natural do material utilizado e demonstrar o amor pela natureza em todas as suas fases.

O arranjo floral deve seguir de alguma forma, o tempo e a estação em que se encontra.

Exemplos quanto ao material utilizado:

    O passado: flores integralmente desabrochadas, vagens ou folhas secas.
    O presente: folhas perfeitas ou flores semi desabrochadas.
    O futuro: botões, que sugerem o crescimento futuro.

Quanto ao tipo de arranjo conforme a estação:

    Primavera: arranjo vital com curvas vigorosas.
    Verão: arranjo em expansão e completo.
    Outono: arranjo esparso e delgado.
    Inverno: arranjo dormente e algo melancólico.

O simbolismo do ikebana está muito associado a certas formas florais com a literatura, tradição e costume. Tanto é que cada feriado nacional possui seu arranjo floral, assim como muitas celebrações familiares tem seu arranjo floral prescrito.

É notável que qualquer arranjo floral japonês é composto de três grupos triangulares de flores ou ramos. Um grupo erecto central, um grupo
intermediário que parte em direção inclinada ao da estrutura erecta, e um outro grupo em triângulo invertido, que parte em direção inclinada ao grupo central e oposto ao intermediário.

É raro observar um arranjo floral desprovido de folhagem natural, geralmente são poucos ramos de uma árvore ou arbusto e algumas flores.

As flores mais utilizadas são as que crescem naturalmente no jardim ou no campo, e geralmente são escolhidos botões fechados e folhas que não estejam totalmente desenvolvidas.

As razões são duas: enquanto o ramo está em botão, a beleza da linha da haste não é obscurecida e também porque será possível observá-lo desabrochar lentamente.

O ikebana quer transmitir a idéia de crescimento contínuo na vida e vitalidade.


II - Tipos de Arranjo

a- O arranjo clássico

Foi no século VI que os primeiros grupos florais foram vistos, em ambos os lados dos altares dos templos budistas. Tendo por intuito harmonizar-se com a imponência de prédio do tempo, eram chamados de "Rikka", que significa " flores erectas", onde as extremidades de seus ramos e flores apontavam em direção do céu, tentando indicar a Fé.

Este tipo de arranjo Rikka era complicado, mas foi se tornando flexível pouco a pouco, e era a forma de arranjo predominante nos templos e palácios, até o estabelecimento do governo Kamakura no fim do século XII.

A montanha sagrada de todos os devotos do
Budismo é chamado Shumisen, simbolizando o universo, e os arranjos Rikka surgiram com o intuito de serem dispostas de forma a simbolizar esta montanha.

Formas de representação:

    1- Materiais de plantas => para representar diversos objetos naturais.
    2- Crisântemos brancos => representam as águas do rio e pequenos córregos.
    3- Ramos de pinheiro => simbolizam rochas e pedras.
    4- Colocação de plantas em seus lugares apropriados => representam a luz solar, sombras e cores de cada estação, dependendo desta colocação.
No arranjo Rikka sempre existirá um pinheiro, no centro do vaso. O pinheiro representa a beleza da paisagem japonesa, presente nas praias arenosas ou de montanha, principalmente nos cenários montanhosos de Kyoto. Depois do pinheiro, outras árvores utilizadas para o arranjo Rikka são: cedro, bambu e ciprestes.

Antigamente era muito utilizado para datas festivas e cerimoniais, mas atualmente não é muito empregado.

b- O arranjo naturalista

As maiores modificações no desenvolvimento do arranjo floral ocorreram durante o século XV, no governo do Shogun Ashikawa Yoshimasa (1436-1490).

As construções de Yoshimasa expressavam seu amor pela simplicidade, tanto nos grandes como também nos pequenos prédios.

Além da simplicidade arquitetônica, ele também simplificou as normas do arranjo floral, com colaboração do artista Somai, tornando a arte do arranjo floral acessível a todas as classes sociais. Este mais simples tipo de arranjo foi chamado "Seiwa".

Ao fim do século XVI, durante o período Momoyama, houve a criação das casas de chá onde os mestres davam uma expressão mais informal quanto à composição dos arranjos florais. Surgia um estilo mais livre, o "Nageire" que significa "lançado para dentro".

No estilo clássico, os três grupos triangulares são fixados com firmeza no recipiente, impedindo que qualquer parte do arranjo o toque, já no Nageire, há maior liberdade, onde as flores podem repousar na borda do receptáculo.

O naturalismo e a habilidade do arranjador compor um arranjo que sugira o crescimento natural do material floral utilizado é enfatizado pelo estilo Nageire, dispondo as flores de maneira natural, independente de quais sejam os materiais florais, tentando evitar a artificialidade.

Inovações do estilo Nageire:

1- Haste de cada flor fica isolada, a fim de mostrar seu crescimento natural.

2- Ramos e hastes podem se entrecruzar, se houver necessidade de realçar as características naturais das flores.

3- Grande importância a cada parte individual do arranjo, assim como do todo.

O principal objetivo e finalidade do Nageire é encontrar e exprimir a beleza natural de tudo aquilo que estiver em mãos. É a forma simples e natural do arranjo floral.

c- O arranjo Moribana

Os arranjos Rikka e Nageire tornaram-se insatisfatórias para as casas de estilo europeu que surgiram na segunda metade do século XIX. E nos últimos 50 anos, os arranjos florais Moribana que se desenvolveram mostram a influência do contato ocidental até certo ponto.

Estes arranjos são feitos em recipientes mais baixos e achatados, contendo as mesmas posições relativas e proporções, apresentando pelo menos dois grupos triangulares de material floral.

O arranjo Moribana combina o estilo Rikka e o Nageire, e adiciona um terceiro elemento, que é a sugestão de alguma paisagem e cenário natural tendo por fim transmitir um efeito cênico.

Este arranjo procura, em miniatura, transmitir a visão de uma vista ou jardim.

O Moribana pode ser utilizado tanto em ambientes formais como informais, podendo ser apreciado onde quer que seja colocado, devendo sempre estar em harmonia com o ambiente.


III - Observações importantes sobre o ikebana

O ikebana deseja alcançar a recriação do crescimento floral, baseando-se na importância da linha, ritmo e cor. É importante citar que os ocidentais dão maior importância à quantidade e cores do material, apreciando a beleza das flores; já os japoneses dão ênfase à linha do arranjo, desenvolvendo a arte com objetivo de incluir hastes, folhas, ramos assim como flores.

A haste principal é que forma a linha central do arranjo, chamado de "Shin", e simboliza o Céu, devendo-se escolher o exemplar mais forte que o arranjador tiver em mãos.

A haste secundária ou "Soe" representa o Homem, parte da linha central é colocada de maneira a produzir o efeito de crescimento lateral,
devendo ter cerca de dois terços da altura da haste principal.

A haste terciária ou "Hikae" simboliza a Terra. É a mais curta e é colocada à frente ou ligeiramente no lado oposto ao das raízes das duas outras.

É de grande importância a posição correta de cada haste, podendo-se acrescentar flores para preencher o arranjo. Todas são colocadas de forma firme no recipiente, para dar a impressão de que crescem de uma mesma haste.

A escolha do recipiente é muito importante, pois a disposição do arranjo dependerá muito do tamanho, profundidade e largura desse.

Após a escolha do material e das plantas, o passo seguinte é a poda, para adaptar a flor, ramo ou galho ao arranjo.

São empregados recursos físico e químico a fim de manter as flores frescas e vivas. O Mizukiri ou corte da haste em água é o mais simples, evitando a exposição ao ar da extremidade podada da haste, evitando a deficiência de sucção de água pelas plantas.

O recurso químico é a utilização de um pouco de ácido clorídrico ou sulfúrico, que diluídos em água, irão refrescar e dar vitalidade às plantas.

Outro recurso é esfregar uma pitada de sal na extremidade das hastes.

Para obter maior equilíbrio e firmeza, o arranjador poderá fazer uma curva na extremidade da haste ou ramo, devendo torcê-la com cuidado, utilizando ambas as mãos para evitar que se quebre.

Os princípios básicos da arte do ikebana são respeitadas e preservadas. Poderá existir diferenças de opinião e concepção dependendo das escolas de arranjo floral, mas os princípios básicos são comuns a todas elas.